A peça de Giovanni Pergolesi, escrita em 1736, ganha releitura por meio do formato pastiche, com cenografia que faz alusão a problemas do mundo atual.
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(Foto: Michael Dantas/SEC)
Com uma estética repleta de simbolismos, o espetáculo “Mater Dolorosa” vai estrear no 22º Festival Amazonas de Ópera (FAO), neste sábado (25), às 20h, no Teatro Amazonas, com reapresentação no dia 29.
Átila de Paula comanda a direção do espetáculo, que promete apresentar uma obra para levar o público a uma reflexão bem atual, ao misturar repertório dos séculos 17 e 18 a uma abordagem completamente inovadora.
Releitura
Propondo uma reflexão crítica sobre a crise global da produção de plástico e da poluição, “Mater Dolorosa” nasce da releitura do contexto imortal de “Stabat Mater”, do compositor italiano Giovanni Pergolesi, que retrata musicalmente a dor de Maria ao ver seu filho Jesus na cruz.
De acordo com o diretor Átila de Paula, o formato da apresentação é o pastiche, uma prática comum na arte e que faz recortes de trabalhos e mistura estilos, numa espécie de releitura da obra.
“Os pasticci, como eram conhecidos, foram verdadeiros exercícios de inventividade dos teatros do século 18. Algo como um pot-pourride hoje, onde trechos famosos de diversas óperas eram arrumadas para criar uma nova narrativa. ‘Mater Dolorosa’ é justamente uma criação inventiva de um espetáculo, a partir de trabalhos variados”, afirmou.
O enredo do espetáculo se apropria dos acontecimentos da Paixão de Cristo e propõe uma nova ótica, em diversos aspectos, da dor de Maria ao ver o sofrimento de seu filho. “Transportamos toda a mitologia bíblica a um simbolismo contemporâneo, onde a Mãe Natureza relata sua dor ao ser destruída por sua criação, a humanidade”, completou o artista.
Reflexão
De Paula ressalta, ainda, que todo a cenografia parte de uma estética repleta de simbolismo. “’Mater Dolorosa’ reflete complexas relações sociais, amorosas e conflituosas, mergulhando em uma profunda angústia, que fatalmente revela o fim do Homem e da Natureza”, descreve.
Para dar vida a essa obra, duas solistas sobem ao palco – a soprano Dhijana Nobre e a mezzo-soprano Talita Azevedo. Ambas dão voz ao personagem único da Mãe Natureza, através da música do “Stabat Mater”, de Pergolesi, cantata sacra na qual “Mater Dolorosa” é majoritariamente baseada.
“A voz e o corpo do Homem, por sua vez, serão representados pelo Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas, dramatizando as diversas necessidades do ser humano: conflito, amor, social e divertimento. ‘Mater’ é um desafio a toda uma equipe multi-talentosa de artistas que, a partir de uma ideia de enredo central, dão vida a uma obra inédita”, comemora o diretor.
Sobre o Festival Amazonas de Ópera
O FAO começou no dia 26 de abril e segue com apresentações de ópera, recitais e concertos até 30 de maio. Em 2019, o Festival celebra o centenário de nascimento do maestro e compositor amazonense Claudio Santoro. Compõe a programação do evento, a apresentação das óperas “Alma”, de Santoro; “Ernani”, de Giuseppe Verdi; “Maria Stuarda”, de Gaetano Donizetti; “Tosca”, de Giacomo Puccini; e “Mater Dolorosa”, baseada na cantata “Stabat Mater Dolorosa”, de Giovanni Pergolesi.
Os ingressos para o FAO 2019 estão à venda na bilheteria do Teatro Amazonas e pelo site Bilheteria Digital, com valores que vão de R$ 2,50 a R$ 60.
Com informações de assessoria.