Estreia do projeto será no Centro Cultural Palácio Rio Negro, no dia 17 de maio, sexta-feira, com entrada gratuita.
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(Foto: Michael Dantas/SEC)
Uma donzela guerreira que desacata a ordem de seu pai, chefe dos deuses; e uma mulher independente, à frente do seu tempo, que não troca a liberdade por um amor. Essas são algumas das histórias interpretadas no projeto “Mulheres da Ópera”, que estreará na agenda do Festival Amazonas de Ópera (FAO), no dia 17 de maio, sexta-feira, às 16h, com apresentação gratuita no Centro Cultural Palácio Rio Negro, na avenida Sete de Setembro, 1.546, Centro.
Uma das obras mais famosas do repertório operístico, “Carmen”, de Bizet, está presente no “Mulheres da Ópera”, com a ária “Chanson Bohème”. A ópera conta a história de Carmen, mulher independente que costuma seduzir os homens da cidade espanhola de Sevilha, à exceção do soldado Don José, que ama outra mulher. Determinada, Carmen consegue enfim conquistar o soldado, mas após tê-lo aos seus pés, descarta-o e se envolve com o toureiro Escamillo.
Outro destaque do programa é a “Cavalgada das Valquírias”, trecho da ópera “Die Walküre” (“A Valquíria”), de Richard Wagner, que narra a história de Brunhilde, filha do deus Wotan que, junto com suas irmãs donzelas guerreiras, as valquírias, tinha a missão de levar os mortos em batalha para a morada de seu pai. Mas Brunhilde ousa desobedecer a uma ordem de Wotan e é condenada a perder a imortalidade.
Empoderamento feminino
Roteirista e diretor cênico do espetáculo, Francis Madson destaca que “Mulheres da Ópera” traz um contorno cênico – a partir das referências dos recentes debates sobre empoderamento feminino e teorias feministas – que contrasta com as obras apresentadas, a fim de proporcionar o distanciamento crítico sobre essas árias.
“Na maioria das óperas, a forma como as mulheres são representadas é contrária às teorias feministas e a todo o debate dos últimos tempos sobre o lugar de fala”, observa. “Então, a direção, junto com a artista Viviane Palandi, organizou alguns contrapontos, que servem para reflexão”, diz.
Madson adianta que, em contraponto à ária “O mio babbino caro”, de “Gianni Schicchi” (Giacomo Puccini), que abre a apresentação, serão projetadas imagens de revistas da década de 1950. “É uma obra cômica, na qual a filha mimada canta ao pai, chantageando-o. A gente faz esse contraste com projeção de revistas da década de 1950, que eram cartilhas de ‘bons modos’ às mulheres. Culturalmente, isso era muito bem difundido, a fim de instrumentalizar a mulher”, comenta.
O diretor destaca ainda que, em “È un anátema”, de “La Gioconda” (Amilcare Ponchielli), serão exibidas falas comuns que, infelizmente, contribuem com a violência. “Trata-se de uma briga monstruosa entre duas mulheres por um homem. Uma provando à outra quem é mais merecedora desse amor, então, a gente faz um contraste com a exibição de falas que são comuns ainda hoje, internalizadas pela sociedade, e que acabam dando força à violência contra as mulheres”, diz.
“Mulheres da Ópera” reúne música, poesia e lirismo. A criação do espetáculo contou com contribuição de todas as cantoras do elenco. “É uma grande experiência dar conta de um conjunto de árias e deixar isso o mais harmônico possível, fazendo o devido distanciamento desses temas com as questões feministas atuais”, diz. “Isso só foi possível porque nós abrimos espaço para que todas as cantoras relatassem como é ser mulher nesse lugar, como cantora, e nessa sociedade extremamente machista. Toda a força apresentada no espetáculo está sustentada por mulheres muito fortes e exímias profissionais do canto”.
O espetáculo “Mulheres da Ópera” também será apresentado no Shopping Ponta Negra, no dia 18/5, sábado, às 19h; na Fundação Bradesco, dia 22/5, quarta-feira, às 9h30 e às 15h30; na Fundação Cecon, dia 25/5, sábado, às 10h; e na Fundação Doutor Thomas, dia 27/5, segunda-feira, às 10h.
Com informações de assessoria.