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Inpa e Ufam revelam espécie de boto-vermelho híbrido na Amazônia

Descoberta da mistura genética de espécies encontrada na região do rio Madeira foi tema de artigo publicado em revista britânica.

Estudos realizados por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), revelaram a presença de uma população de botos-vermelhos híbridos (animais cujo pais tem composição genética diferente).

A espécie foi nomeada com nome científico Inia boliviensis, e foi encontrada na região do rio Madeira, que banha os Estados de Rondônia e do Amazonas.

Participaram dessa descoberta os pesquisadores do Laboratório de Evolução e Genética Animal (Legal/Ufam), Waleska Gravena, Izeni Farias e Tomas Hrbek, juntamente com a coordenadora do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa), Vera M. F. da Silva, e a curadora da Coleção de Mamíferos/Inpa, Maria Nazareth F. da Silva.

As pesquisas contaram com a colaboração da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e financiamentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e das agências de fomento internacionais Scott Neotropical Fund e Society for Marine Mammalogy, além do apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Na opinião da pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, a confirmação da espécie boliviana e sua ocorrência em águas jurisdicionais brasileiras é significante para o Brasil. “Hoje somos o País que abriga o maior número de espécie de golfinhos fluviais no mundo e essas espécies precisam ser protegidas e melhor estudadas”, diz a pesquisadora.

A descoberta fez parte de um estudo anterior, no qual os pesquisadores buscavam entender a distribuição de duas espécies de boto-vermelho (o I. boliviensis e o I. geoffrensis), na região do rio Madeira.

Os pesquisadores perceberam que as corredeiras do rio Madeira não funcionavam como barreira completa entre as espécies. “Verificamos primeiramente que I. boliviensis ultrapassava a área de corredeiras e ocorria até próximo do município de Borba (AM), no Baixo rio Madeira, quase na região de encontro com o rio Amazonas”, explica a pesquisadora da Ufam, Gravena.

Para essa constatação, os pesquisadores analisaram apenas marcadores de DNA mitocondrial, que só permite observar a herança materna. “No entanto, com esse tipo de marcador não é possível determinar a presença de híbridos”, diz Gravena.

De acordo com a pesquisadora, com os marcadores de DNA nuclear, que definem a herança paterna, conseguiu-se verificar que nas localidades, entre as corredeiras, existiam animais que eram geneticamente diferentes dos que ocorriam ao montante das cachoeiras, mas que, no entanto, pertenciam à espécie I. boliviensis.

Gravena explica que esses animais foram considerados unidades de manejo diferenciadas, ou seja, uma população isolada com alelos diferenciados (pequenas porções que compõem os cromossomos e que determinam características) das populações de boto da Bolívia.

A pesquisadora considera que esses animais, há muito tempo, estavam restritos a essas localidades, cruzando somente entre si, e por isso, sem a troca de material genético com a população de botos da Bolívia, gerando, assim, um material genético diferenciado. “Essa população isolada era única e com a construção das barragens na região do Madeira e o alagamento das corredeiras, possivelmente irá desaparecer no futuro”, disse.

Esses resultados já haviam sido constatados em trabalhos anteriores, a novidade é que as populações abaixo da corredeira de Teotônio (a 5 quilômetros de Porto Velho/RO), embora tenham DNA mitocondrial da espécie de boto da Bolívia, possuem a maior parte de seus marcadores nucleares da outra espécie de boto, I. geoffrensis; indicando a presença de híbridos.

Os resultados dessas pesquisas foram publicados, recentemente, no artigo intitulado “Living between rapids: genetic structure and hybridization in botos (Cetacea: Iniidae: Inia spp.) of the Madeira River, Brazil” (na tradução livre, “Vivendo entre corredeiras: estrutura genética e hibridização em botos (Cetacea: Iniidae: . Inia spp) do Rio Madeira, Brasil”), na conceituada revista Biological Journal of the Linnean Society, do Reino Unido.

Para a pesquisadora Vera da Silva, conhecer a Amazônia e sua rica biodiversidade pode auxiliar a ciência a achar novas estratégias de conservação desses mamíferos, símbolos da região.

“Cada vez que uma nova descoberta ocorre, a humanidade fica mais rica e, ao mesmo tempo, a ciência constata o quanto ainda temos para conhecer, principalmente, no que diz respeito à distribuição das espécies e à biodiversidade da Amazônia”, ressaltou.


Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Amazonas boto golfinho fluvial INPA nova espécie Rondônia UFAM

Sobre Eder Ribeiro

Turismólogo amazonense, idealizador e administrador do Portal Manaus Ágil. Amante da arte e cultura amazônica.
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